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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

2012 - Ano bissexto


O QUE É UM ANO BISSEXTO:
Todos sabem que o ano tem 365 dias mas, de quatro em quatro anos uma coisa aparentemente muito estranha acontece: um dia a mais é adicionado ao final do mês de fevereiro, fazendo com que aquele ano tenha 366 dias. O ano que tem 366 dias é chamado ANO BISSEXTO e, nesse caso, encontramos o dia 29 de fevereiro no calendário. Nos demais anos o mês de fevereiro tem somente 28 dias.

PORQUÊ EXISTE O ANO BISSEXTO?
O Ano Bissexto foi introduzido no calendário devido a uma diferença existente entre o Ano Civil e o Ano Tropical. Parece complicado? Nem tanto!
Um Ano Tropical é definido como o intervalo de tempo entre duas passagens sucessivas do Sol sobre um ponto da órbita chamado Equinócio Vernal. Na verdade o planeta Terra é que está orbitando em torno do Sol, mas é mais fácil para o cálculo do Ano Tropical considerar a Terra Fixa e o Sol se movendo. O Equinócio Vernal é um ponto do céu onde observamos o Sol exatamente sobre a linha do equador, em sua passagem do Sul para o Norte. O instante em que o Sol atinge o Equinócio Vernal marca o início do verão no Hemisfério Norte ou o início do inverno no Hemisfério Sul e é comum que se noticie nos jornais a data e hora exata desse acontecimento.
Pois bem, o Ano Tropical tem exatamente 365,24219 dias. Assim, se o calendário definisse o ano como tendo sempre 365 dias, a cada 5 anos teríamos um erro de mais de um dia e, portanto, a data em que ocorreria o Equinócio Vernal seria cada vez mais adiantada. Desse modo, introduziu-se no calendário, a cada quatro anos, um dia adicional que é o dia 29 de fevereiro.
Parece um incômodo mas, se isso não fosse feito, a cada 100 anos teríamos um erro de 25 dias e, com o passar do tempo, acabaríamos tendo o Natal no inverno no Hemisfério Sul e no verão do Hemisfério Norte!

O ANO BISSEXTO OCORRE A CADA QUATRO ANOS?
Ao contrário do que a maioria de nós aprende na escola, a resposta é NÃO ! A regra sobre a adição do ano bissexto na verdade é um pouco mais complicada:
O ano será bissexto se o número do ano for divisível por 4, exceto se o ano for um "ano centenário", terminando em duplo-zero. Nesse caso, o ano só será bissexto se o número for divisível por 400.
Um exemplo: o ano de 2008 é bissexto? SIM, pois 2008 é um número divisível por 4.
Outro exemplo: o ano de 1900, foi um ano bissexto? A resposta é NÃO, pois apesar de 1900 ser um número divisível por 4, termina em zero-zero. Assim, 1900 não é divisível por 400 e portanto não foi um ano bissexto.
Essa particularidade é uma sutiliza matemática: adotando-se "um ano bissexto a cada quatro anos" estamos "arredondando" o Ano Civil para 365,25 dias, mas na verdade o Ano Tropical tem 365,24219 dias. Ou seja, é necessário periodicamente não se ter um ano bissexto para que as coisas fiquem mais precisas. Com a regra adotada o ano tem em média 365,2425 dias, o que é muito próximo de 365,24219.

QUANDO SURGIU O ANO BISSEXTO NOS CALENDÁRIOS?
Em 238 a.C., em Alexandria no Egito, durante a monarquia helenística de Ptolomeu III (246-222 a.C.), foi decretada a adição de 1 dia a cada 4 anos para compensar a diferença que existia entre o ano do calendário, com duração de 365 dias e o ano solar (em astronomia é chamado de ano astronômico sazonal) com duração aproximada de 365,25 dias, ou seja, de 365 dias + 6 horas.
Com este excesso anual de 6 horas ( 4 x 6 horas = 24 horas ), um dia extra deveria ser acrescentado ao calendário oficial, a cada quatro anos, para evitar os deslocamentos das datas que marcavam o início das estações. A programação das épocas de semeaduras e colheitas eram baseadas no calendário das estações. Qualquer discrepância neste calendário afetava a agricultura, que era base da economia dos povos antigos. Lamentavelmente, esta tentativa de reformulação do calendário não teve a aceitação necessária e as discrepâncias permaneceram na contagem dos dias.
O Ano Bissexto foi introduzido na Europa a partir do ano 46 Antes de Cristo, por meio do calendário adotado pelo Imperador romano Júlio César (102-44 a.C.). Esse calendário tinha sido proposto pelo astrônomo Sogínes (90-?? a.C.), de origem grega mas que vivia em Alexandria no Egito. O decreto de Júlio César estabelecia que o ano teria 366 dias depois de 3 anos, ou seja, o quarto ano teria um dia a mais. No entanto aparentemente os sacerdotes encarregados do calendário confundiram-se com o texto do decreto e passaram a colocar um dia a mais a cada TRÊS anos. Essa incorreção foi descoberta por volta do ano 10 Antes de Cristo e, para corrigir o erro acumulado, os anos passaram a ter 365 dias até o ano 8 Depois de Cristo. Assim, o ano 4 Depois de Cristo não foi um ano bissexto como seria de se imaginar. Portanto os anos bissextos foram os seguintes, a partir do decreto de Júlio César e da correção no ano 10 A.C.:
Antes de Cristo: 45, 42, 39, 36, 33, 30, 27, 24, 21, 18, 15 12, 9.
Depois de Cristo: 8, 12, 16, e a partir daí de 4 em 4 anos.
O calendário de Júlio César (chamado de Calendário Juliano) foi adotado em todos os países sob domínio do império romano. Naturalmente não se usava, na ocasião, a divisão dos anos em Antes de Cristo ou Depois de Cristo - a contagem dos anos era feita a partir da data suposta de fundação de Roma e "zerada" a cada novo imperador. Por exemplo o ano 46 a.C., no qual foi introduzido o novo calendário, era chamado ano 708 da fundação de Roma. É interessante observar que o ano de 46 a.C. teve 445 dias de duração, para corrigir os desvios acumulados até então!
A partir da Idade Média o sistema de três anos com 365 dias, seguido de um ano com 366 dias, foi adotado no calendário da Igreja Católica, através de um Bula Papal, espalhando seu uso em todos os países com influência do catolicismo. Nessa época foi também adotado o dia 25 de dezembro como sendo o dia do Nascimento de Jesus, de modo a substituir uma festa pagã em homenagem ao sol que acontecia nessa data, dois dias após o solstício de inverno no hemisfério norte (o dia 23 de dezembro é o que tem a noite mais longa do ano, no hemisfério norte, ou o dia mais longo, no hemisfério sul). Também é dessa época (século V) a adoção da numeração atual dos anos, contados a partir da data de nascimento de Jesus calculada por um monge chamado "Dionísio O Pequeno" - tudo indica que o tal monge errou nos seus cálculos e Jesus provavelmente nasceu na verdade alguns anos antes do "ano um". No sistema adotado, não existe o "ano zero", pois utilizava-se na ocasião a grafia dos números em algarismos romanos, que não possuem o algarismo correspondente ao "zero".
O calendário católico, no entanto, continuava exatamente como o Calendário Juliano; como o ano bissexto ocorria a cada quatro anos sem exceção, existia um pequeno erro que com o passar do tempo se tornou evidente, pois observou-se que o Natal começou a se atrasar em relação ao solstício.
Por volta de 1580 o astrônomo e matemático jesuíta Cristophorus Clavius (1537-1612) estudou o calendário e as posições dos astros celestes e chegou à conclusão que a contagem dos dias estava errada. A preocupação da Igreja Católica era com o período da Quaresma, na qual os fiéis não podiam comer carne vermelha. Se o calendário estive de fato errado, os católicos estaria ingerindo carne vermelha em dias "proibidos" e algo precisava ser feito urgentemente para corrigir esta situação pecaminosa. Foi criada então uma comissão composta pelo próprio Papa Gregório XIII (1502-1585) e vários sábios, entre eles o astrônomo e médico italiano Aloisius Lilius (1510-1576) e o jesuíta Cristophorus Clavius que já havia estudado o problema do calendário. A sugestão da comissão foi fazer uma pequena alteração na regra do ano bissexto, que seria doravante a cada 4 anos com exceção dos anos conhecidos como "anos centenários" (ano cujo número termina em zero-zero), que seriam bissextos somente a cada 400 anos. Seria necessário também suprimir dez dias do calendário, para compensar o erro acumulado desde a época de Júlio César. O Papa Gregório XIII instituiu então em 1982, através de uma Bula Papal, um novo calendário, que ficou conhecido como Calendário Gregoriano.
A medida mais polêmica do Calendário Gregoriano foi decidir que o mês de outubro de 1582 teria somente 21 dias, para ajustar o início da primavera ao novo calendário; assim o dia 4 de outubro de 1582 foi seguido pelo dia 15 de outubro de 1582. Convencionou-se também que doravante a ano começaria no dia 1 de janeiro e não em março como era até então.
O novo calendário foi adotado inicialmente na parte da Itália que se achava sob domínio da Igreja Católica, na Espanha, na Polônia e em Portugal. Como nesta época o Brasil era ainda colônia de Portugal, também aqui o novo calendário foi adotado de imediato. Mas a decisão de suprimir 10 dias do calendário causou protestos em vários locais, que se recusaram a adotar o novo calendário. A Grã-Bretanha e suas colônias somente adotaram o Calendário Gregoriano em 1752, quando o erro acumulado já era de 12 dias; assim o dia 2 de setembro de 1752 foi seguido nesses países pelo dia 14 de setembro de 1752 e o Ano Novo de 1753 foi adiantado de 25 de março para 1 de janeiro. A França e suas colônias também só em 1806 adotaram o Calendário Gregoriano, já que usavam até então um "Calendário Republicano" completamente diferente, surgido após a Revolução Francesa. Os países sob domínio da Igreja Ortodoxa demoram mais tempo para fazer o ajuste e, no caso da Rússia, isso só foi feito após a revolução comunista em 1918, com um erro que já se acumulava em 14 dias! É interessante observar que a revolução comunista, que na Rússia ficou conhecida como outubro vermelho, na verdade aconteceu em novembro, pois o Calendário usado na época do Czar ainda era o Juliano, e não o Gregoriano.

FONTE: http://www.nowires.com.br/29fevereiro/index.html
com imagens obtidas em pesquisa via Google

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